quarta-feira, 9 de março de 2011

Reminiscências de Criança


Quatro dias passados de animação carnavalesca, hoje é dia de enterrar o Entrudo.
Muito novinha comecei a participar nos desfiles de Carnaval embora com todas as limitações próprias da idade, pois as caras tapadas deixavam-me muito assustada.
E o quarto dia era para mim algo que me deixava o coração a bater forte.
Na altura, as ruas da vila eram mal iluminadas e toda aquele gente em funeral surgia da penumbra das esquinas, enrolada em lençóis ou em roupas muito escuras, carregando um morto -  vivo num caixão a sério, ou numa cama puxada por duas rodas. A luz dos archotes que traziam na mão davam realce às máscaras dando-lhes um ar de fantasmas. Os instrumentos dando os acordes da marcha fúnebre, acompanhados dos gritos hilariantes das viúvas e das carpideiras, deixavam-me aterrorizada.
Este ritual do Carnaval deixou-me algumas cicatrizes, pois eu nunca compreendia porque é que depois de tanta alegria tudo acabava assim ?
Cá para nós, confesso que ainda hoje me causa um certo incómodo quando os ouço passar à minha rua.

Beijinho
Cila

3 comentários:

Nídia Rocha disse...

cila acho que tens razão tão bem
numca entendi a razão deste enterro
porque o carnaval´fásnos ficar tão
alegres,dançamos nesses dias
o carnaval dános a liberdade de nós
vestirmos com roupas
diferentes alegres é uma alegria
tudo ontem foi folia hoje enterrono
coitado!tão alegre que ele é....ra
bjs nidia rocha.......

Unknown disse...

Amiga veio mesmo a propósito esta tua postagem, pois acabei precisamente de vir de enterrar o entrudo aqui em Ferragudo. Confesso que era uma tradição que há muito esperava vêr, pois numca tinha visto em lado nenhum.
Gostei muito. Porque encenaram muito bem e fizeram uma rábula muito engraçada. È como tu dizes se fosse em criança talvez não achasse tanta piada.
Bjs Paulinha.

Filó disse...

Tantos e tantos anos numa terra com tanta tradição de carnaval e confesso(!) não me lembro de ter assistido ao vivo ao enterro do Entrudo!!!!
Já a choradeira e os uivos de lamento, esses ecoam na minha memória! Por acaso este ano não dei por nada!!!
Bjoss
Filó