sexta-feira, 17 de abril de 2009


A poesia de Antero de Quental
" Oceano Nox "


Junto do mar, que erguia gravemente
A trágica voz rouca, enquanto o vento
Passava como o vôo dum pensamento
Que busca e hesita, inquieto e intermitente,

Junto do mar sentei-me tristemente
Olhando o céu pesado e nevoento
E interroguei, cismando, esse lamento
Que saía das cousas, vagamente…

Que inquieto desejo vos tortura,
Seres elementares, força obscura?
Em volta de que ideia gravitais? –

Mas na imensa extensão, onde se esconde
O inconsciente imortal, só me responde
Um bramido, um queixume e nada mais…