
Rómulo Vasco da Gama de Carvalho nasceu em Lisboa precisamente no dia 24 de Novembro de 1906, foi um professor de Físico-Química do liceu , pedagogo, investigador de História da ciência em Portugal, divulgador da ciência e poeta, sob o pseudónimo de António Gedeão.
"Pedra Filosofal" e "Lágrima de Preta" são dois dos seus mais célebres poemas." Dez Reis de Esperança", não é tão conhecido mas, eu gosto muito.
Dez Réis de esperança
Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde vem
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos à boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das pernas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram
viram, e não perceberam
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule flutuando
no pranto do desencanto
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.
3 comentários:
Muito obrigada pelo poema.Este não conhecia!
Ainda bem que existem pessoas com
sensibilidade poética.
Que belo aperitivo para o meu jantar.
Mimidadinha Ui-ui
Paulinha,
É um poema muito bonito que eu também não conhecia.
Obrigada por o ter trazido ao nosso conhecimento.
Beijinhos
Cacilda
Confesso que também estou a vêr este poema pela primeira vez.
Na verdade é muito bonito, convida-nos mesmo a meditar.
Obrigada Paulinha.
bjs
cila
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