domingo, 10 de janeiro de 2010

Balada de neve


Neste Domingo frio em que a neve cai um pouco por todo o país
lembrei-me deste poema lindo. Talvez alguma das "amigas para
sempre" o tenha recitado numa festa de Natal da sua escola
e gostem de o recordar:
.
Batem leve, levemente
como quem chama por mim...
Será chuva? Será gente?
gente não é certamente
e a chuva não bate assim...
É talvez a ventania;
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...
Quem bate assim levemente,
com tão estranha leveza
que mal se ouve, mal se sente?...
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento, com certeza.
Fui ver. A neve caía,
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
Há quanto tempo a não via!
E que saudade, Deus meu!
Olho-a através da vidraça,
pôs tudo da cor do linho,
passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho.
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...
E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro bem definidos,
depois em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los.
Que quem já é pecador
sofra tormentos...enfim!...
mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
porque padecem assim?!...
É uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em presa,
cai neve na natureza...
e cai no meu coração.

Augusto Gil






5 comentários:

Anónimo disse...

Olá amiga.
Ao ler este poema senti-me pequenina.Já não me lembrava dele completo.
É bonito e intemporal.
Obrigada.

Até amanhã.
Mimidadinha Ui-ui

Anónimo disse...

Olá Cacilda, é como a Mimidadinha Ui Ui diz é um poema intemporal, eu já o declamei em jograis nem sei se fiz bem ...mas deu-me muito prazer.

Bjs Paulinha

Ivone disse...

-Olá amiga Cacilda
tenho estado a ver as notícias e
realmente só a Balada da Neve nesta altura para me animar ,é que até em Castelo Branco onde eu passei o Natal caíu neve e mais uma vez .....eu não ví a neve a cair,só me resta esperar ,talvez para a próxima.
Há não vi cair mas fui ver a neve já caída ...
jinhos
Ivone.

O céu da Céu disse...

Além de o ter recitado muitas vezes, também o ensinei a muitas alunas...Augusto Gil tinha lindos poemas.
Pena não ter caído uns farrapinhos de neve por aqui...Certamente que as amigas do A E I O U saíriam todas para a rua para fazer o "Boneco de Neve" e jogar à "Batalha" com bolas de neve.
Um abraço a todas.

Cacilda disse...

Fico contente por terem gostado de recordar este poema que é realmente intemporal.Como todas gostariamos de ter podido fazer um bonequinho na neve!
Ivone, eu já estive no Canadá pelo Natal e não vi cair neve. Uma noite anunciaram que ia nevar e às 3 da manhã eu estava à janela, mas... nada.
Beijinhos
Cacilda